sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A decisão - Parte II


Decidiu aceder ao convite. Não tinha nada a perder. Além disso, tinha todo o tempo do mundo. Podia ser que o sadõ ou o caminho do chá lhe indicasse o que deveria fazer. Geralmente, estes chakais. encontros para o chá eram caracterizados por um ambiente simples e harmonioso. Exatamente do que ela precisava: tranquilidade. A anfitriã estendeu-lhe um Quimono, um leque e uma almofada e encaminhou-a para a sala onde iria realizar-se o evento.
O ambiente era efetivamente calmo e todos os participantes estavam concentrados e em silêncio. Assumiu o seu lugar, sentando-se também ela em silêncio e cumprimentando os restantes convidados conforme o tradicional ritual japonês.
A anfitriã deu as boas vindas e lá foi explicando todas as vicissitudes do ritual, dando a provar o chá ou matcha. A Helena deixou de a ouvir. Estava inteiramente absorta nos seus pensamentos que nem se apercebeu que a cerimónia tinha terminado. De repente, sentiu algo a tocar-lhe no ombro. Voltou-se e a sua companheira do lado, informou-a que podiam ir usufruir do resto do spa. De forma, quase robótica, levantou-se e agradeceu. Estava a preparar-se para sair ... Quando foi novamente interpelada:
- Sou a Anastácia. Espero que não se importe que lhe faça companhia.
E sem a deixar sequer respirar ou responder, entrelaçou o seu braço no de Helena e lá seguiram caminho. De imediato, sentiu-se confortável na sua presença. Havia alguma coisa na Anastácia que lhe era familiar. Não sabia se era o seu sorriso ou a forma como ela articulava as palavras e lhe contava a história da sua vida. Mas sentia-se mesmo muito bem na sua companhia.
Ficou a saber que a senhora tinha 70 anos, era viúva acerca de 10 anos e que os filhos estavam a viver no Brasil. Quando se sentia sozinha, e precisava de alguém para conversar, ia até ao pequeno Hotel e ficava por uns dias. Adorava e eram todos, sem exceção, simpáticos para ela. Por isso estava ali.  Percebeu logo, desde o início, que o caso de Helena deveria ser parecido ao seu e então resolveu meter conversa.
- Espero que não se importe...
Lá foi ela dizendo, enquanto não parava de contar as peripécias de uma vida cheia de episódios enriquecedores.
A Helena, sem se aperceber, foi contando também a sua. A doença do irmão. A forma como afetou os seus pais. Como ela conseguiu superar a sua morte. O Nuno e a razão porque estava ali. Nesse instante, voltou a sentir uma profunda tristeza. Precisava de tomar uma decisão mas não conseguia. Amava-o demasiado.
A Anastácia apenas lhe disse:
- Não pense muito nisso, querida. No fim da sua estadia, reflecte. De certeza que vai encontrar a sua decisão. Agora faça-me companhia e vamos jantar.
A Anastácia e a Helena tornaram-se amigas inseparáveis. Ambas apreciavam a companhia uma da outra. Os dias correram num compasso apressado e a Helena tinha que voltar à sua rotina. Tinha que chegar à sua decisão, mas não sabia....
Ficava com ele. Lutaria com todas as forças para o chamar à razão. Ou seria o Nuno um caso perdido. Que não tinha salvação. Ela veria a sua degradação e morreria novamente. Tinha que o deixar.
Não conseguia decidir-se. O seu corpo lutava para ficar, mas a sua mente pedia-lhe para partir....
A Anastácia olhou-a como uma mãe olha para uma filha e aconselhou-a:
- Minha querida, deixe o destino encarregar-se de decidir por si. Ele sabe sempre o que é melhor para nós. No fim da sua viagem terá a sua resposta. Agora vá com Deus e se precisar de mim, sabe onde me encontrar.
E beijou-a na testa. E a Helena partiu.

Meus amigos, chegamos ao fim da segunda parte.
Mais uma vez. fiquem de atalaia.
Breve, breve sairá o episódio final.
E por aqui me fico!
Fiquem Bem!


6 comentários:

  1. Continuo acompanhando e gostando e vou aguardar o final! Linda noite! bjs, chica

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  2. DEcisão difícil...tema que me tocante e inquietante por tocar a vida de tantos...expectante pela decisão final de Helena.
    Bjs
    Maria

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    1. É verdade, Maria. A nossa vida é cheia de escolhas... Umas mais complexas e outras mais rotineiras. Breve, breve teremos o final. Beijinhos Serena

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  3. Fico muito feliz que goste do conto e o considere interessante para continuar a seguir a história. Bom dia para si, Chica! Beijinhos Serena

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  4. Na verdade, a minha curiosidade aumenta e deixa-me agradavelmente.. Grudado a este conto que tem, a sabedoria, o poder, de cativar! Parabéns, Serena. bj...nho

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    1. Muito obrigada Sérgio, pelas suas palavras tão simpáticas! Beijinhos Serena

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